Dimensões sociais das mudanças climáticas

 

O enfrentamento das mudanças climáticas não está restrito apenas ao campo das ciências naturais e físicas. A contribuição das ciências sociais, especificamente a sociologia, tem ganhado força nos últimos anos, por se tratar de uma área do conhecimento que oferece novas interpretações sobre comportamentos sociais que interferem na questão climática. Além disso, sociólogos e outros cientistas sociais podem ajudar a propor saídas para a adaptação à alteração do clima.

Contudo, no Brasil, observa-se que a sociologia tem entrado tardiamente no debate ambiental. A produção no campo sociológico em periódicos brasileiros sobre clima e o antropoceno ainda é muito restrita. Essa é uma das conclusões apresentadas no artigo Nem leigos nem peritos: o semeador e as mudanças climáticas no Brasil, publicado em novo volume da revista Política e Sociedade, uma publicação do programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Assinado por Pedro Henrique Campello Torres (IEE-USP), Pedro Roberto Jacobi (IEE-USP) e Ana Lia Leonel (UFABC) – integrantes do projeto temático MacroAmb – o trabalho mostra como a abordagem sociológica é capaz de abrir espaço de reflexão para compreender melhor o papel dos diversos aspectos sociais que podem fortalecer o envolvimento social e a participação da sociedade na busca por soluções de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Para analisar a produção sociológica sobre o tema em periódicos brasileiros, os autores fizeram um levantamento nas principais revistas nacionais com extrato Qualis Capes A1 ou A2 na área de sociologia, com base no período entre 2013 e 2016. “Foram encontrados 18 artigos com menção a ‘Mudanças Climáticas’ + ‘Antropoceno’. Outros descritores próximos apareceram na busca, como Antropocêntrica (30), Antropocentrismo (35), Antropocêntrico (31). Porém, quando verificados junto com o descritor ‘Mudanças Climáticas’, percebe-se que tais artigos não discutem sobre a temática ambiental e climática”, informa o artigo.

O estudo também aborda a questão da mobilização social, ressaltando o caráter ainda restrito da participação social nos países do Sul. “O que se verifica é um alcance muito limitado e pouco reflexivo, se comparado às manifestações nos países do Norte, ou seja, esvaziado de uma crítica social a partir do contexto do Sul Global”, concluem os autores.

O artigo está disponível neste link: https://bit.ly/3cLhtpo

Foto do destaque: quilombo na região de Ubatuba, litoral norte de São Paulo – Marcos Santos / USP Imagens

 

 

 

 

 

 

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