Conversa com Profa. Monica Porto: Desafios do Abastecimento da Água na Macrometrópole Paulista

No dia 13 de novembro de 2019 foi realizada uma conversa com a Profa. Monica Porto (Poli e Procam/IEE/USP) sobre experiência das demandas e dificuldades no abastecimento de água para a MMP, baseada em sua atuação na gestão de recursos hídricos do Estado de São Paulo durante a última crise hídrica. Com grande experiência em gestão de recursos hídricos, Monica apresentou as condicionantes que levaram à crise hídrica de 2014 em São Paulo, quais as mudanças que esta crise provocou no sistema de abastecimento e quais os desafios deste sistema em um cenário de mudanças climáticas.

A falta de chuvas nos reservatórios, combinada com a dificuldade de previsão e um sistema de bacias hidrográficas independentes e com pouca margem de segurança resultaram na crise hídrica que impulsionou mudanças no sistema de planejamento hídrico da Macrometrópole Paulista. Com a crise, diversas obras de interligação entre as bacias hidrográficas foram realizadas no intuito de se aumentar a resiliência do sistema, tornando possível a transferência de água entre bacias em caso de falta de chuvas em determinadas regiões.

Também foram discutidos os incentivos financeiros utilizados durante a crise para induzir a economia de água por parte dos consumidores, seus benefícios a curto prazo e seus limites de eficácia a longo prazo.

Apesar destas mudanças e aprendizados, o aumento da incerteza de previsão de chuvas decorrente das mudanças climáticas coloca novos desafios à gestão hídrica da Macrometrópole. Embora a interligação de bacias amplie a flexibilidade do sistema, esta medida possui limitações quanto à autonomia de abastecimento em casos de estiagem prolongada. Por outro lado, o incentivo financeiro também possui limitações em induzir uma redução coletiva do consumo. Estas e outras questões apontaram para uma necessidade de se pensar uma nova agenda para o planejamento hídrico que englobe os crescentes riscos em face da maior incerteza climática, os limites das estratégias de redundância do sistema, de mitigação das perdas e de incentivo à redução do consumo de água na Macrometrópole.